Ana Vitoria acredita "na historia pessoal e na memoria como ferramentas e fontes inesgotáveis para projetos autorais" e esta atitude se faz presente desde os primeiros e incertos passos que iniciam a performance, caminhando para a frente e paa traz, desenrolando percurso e fios de memória individual e coletiva, atravéz de gerações. Ferida Sábia, saturada no vermelho, produz inicialmente um efeito de encharcamento, não apenas o de banhar de sangue, mas aquele que escorre de dentro pra fora, deixa marcas, seus signos de geneses de vida e nos impregna...
"Durante anos e anos, todos os meses, nos olhamos pelo avesso.
Esse mergulho e reencontro encarnado se dá por um lento e contínuo descamar... Como uma troca de pele, processamos em nosso corpo uma auto limpeza orgânica, espiritual e sensorial. Ai se dá, para a mulher, um dos seus maiores enfrentamento na vida; com a intensidade da sua força, dos fluxos que correm e escorrem pelo seu corpo, que aborta é fértil e fecunda.
Corpo e memória, receptáculo de nós mesmos e do mundo.
Devir autobiográfico...
A menstruação é esse espelho que nos revela com a pele arrancada, sem carne, sem ossos, o fluxo da vida que percorre nossas entranhas e vísceras, o avesso de nós mostrando que ainda somos atavicamente ligadas aos ciclos da natureza e ainda tecemos nossos laços com a ancestrralidade. Esse deflorar-se que pacientemente carregamos é também a potência e a abertura para virmos a ser outros"
Ana Vitoria.
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